Em Julho de 2019 eu e o Gonçalo Alegre demos um concerto na Biblioteca Municipal de Mangualde, a partir de um convite do Cine Clube de Viseu para compormos música original para filmes mudos. Eu acompanhei o Chuva / Regen (1929) do Joris Ivens, podem ver o resultado aqui:
josepedropinto.bandcamp.com/track/chuva-regen
O espetáculo tinha marcada uma segunda apresentação para daí a 2 meses, na Capela da Nossa Sra. da Esperança, Abrunhosa, Sátão, e durante o jantar o Rodrigo mencionou que a Capela tinha um órgão de tubos do século XVIII funcional. Ficámos imediatamente entusiasmados com a ideia e pedimos autorização para utilizar o instrumento no concerto.
A autorização veio depressa, e eu decidi que iria apresentar lá uma peça original para órgão - que foi desde sempre o meu instrumento favorito, a par da guitarra elétrica e do alaúde. Na altura não o sabia tocar, mas tinha no quarto um controlador MIDI de 49 teclas, ao qual imediatamente me atirei, e durante esse Verão li muito sobre órgão, escavei a net à procura de bons instrumentos digitais, e acima de tudo pratiquei bastante.
Claro que não fiz um grande trabalho no concerto, não tinha dedos nem experiência para isso, mas ficou-me o entusiasmo pelo instrumento. Foi nessa altura que comprei um segundo controlador MIDI e descobri o Hauptwerk, que após várias semanas de incompreensão, frustração e luta se tornou uma parte integral do meu processo de fazer música, acredito que de forma permanente.
Foi também nessa altura que o José Pedrosa me contactou sobre usar a música do Chuva num documentário que estava a preparar. Como pagamento, propus-lhe trocar o meu som por imagens dele, e ele cedeu-me os vídeos brutos do seu Valley Fog (
vimeo.com/301278033).
Durante esse outono e inverno o Hauptwerk, as imensas possibilidades do protocolo MIDI e a melhoria do meu setup caseiro ocuparam-me os pensamentos. Isso e as bandas desenhadas do Hulk do Greg Pak, e do Quarteto Fantástico e Vingadores do Jonathan Hickman - são delas as frases que deram origem aos títulos das partes da música, que aos poucos continuou a crescer e a mudar.
Em meados de Janeiro 2020 decidi gravá-la para publicar no meu dia de anos - daí o nome "25". Na semana anterior fechei a composição, aprimorei a configuração do Hauptwerk para me permitir gravá-la "em direto", gravei e editei-a, e montei os vídeoclips a partir das belas imagens do José Pedrosa (podem encontrá-los no meu canal YouTube). Foi uma semana muito trabalhosa, mas aprendi muito e fiz nota de muito mais por aprender.
released January 25, 2020
Escrita, interpretação e gravação por José Pedro Pinto.
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Obrigado José Pedrosa, Martin Dyde, Greg Pak, Jonathan Hickman.
O órgão é o grandioso Friesach do Piotr Grabowski a correr no Hauptwerk 5.